segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Dez anos...

Mais de dez anos se passaram desde sua dolorosa partida. Lembro, com penosos detalhes, do sofrimento e da agonia do meu amigo. Mas a lembrança mais forte que sempre me vem dele é a sua risada. Risada rouca e grave, de quem fumou muito, falou muito, chorou muito, riu muito, amou muito e demais.
Porque sua obra, mais do que qualquer outro assunto, falava de Amor. De Amor e da Falta deste Amor. Não este amor barato, cotidiano e clichê, que enche as páginas das revistas de fofocas. Caio falava de um Amor maior, este Amor Maiúsculo que nos condena e nos redime de nossa sublime grandeza.e miséria. Não acho que meu amigo mereça ser lembrado como um escritor gay soropositivo que escancarou despudoradamente sua tragédia, sem culpa nem autocomiseração. Caio Fernando Abreu foi muito mais e muito além desses rótulos preconceituosos, reducionistas e empobrecedores. Caio foi / é um dos maiores escritores que este triste país já teve. Sua obra - somente agora, mais de dez anos após sua partida – vem merecidamente conquistando mais e mais admiradores. Nada mais justo que assim seja, cada vez mais.
Mas para mim, mais do que um escritor genial, ele foi um dos maiores amigos que a Senhora Dona Vida (como ele gostava de chamá-la...) me presenteou. Saudades, meu irmão. Que seja alto e iluminado o seu vôo por entre as estrelas.

4 comentários:

paula dip disse...

Nenhum comentário???? Desde Outubro de 2007? Não acredito. Onde estão os fã clubes, os amigos, os apaixonados por seu texto genial?
E a convivência então, que aventura. Só quem conheceu aquela risada rouca e grave e deliciosa é que sabe da generosidade, da beleza e das sombras complexas daquela alma.
Ele me deixou tantas coisas: lindas cartas, um livro para escrever, o amor pela literatura, o teatro, os amigos, e até vc Bredinha, eu herdei dele!
Ah, Caio F., que falta você nos faz.
Olhai por nós, querido Caio,lá do alto do seu vôo entre as estrelas.

Robson Schneider disse...

As coisas funcionam assim né?...ah os amigos! de tudo o que se pode ter de mais precioso, são eles que encabeçam a lista, amigos de verdade, quem os tem não precisa temer a solidão e o abandono,nem quando se parte, sempre serão amados.
na verdade nem sei como cheguei aqui...acho que a insônia, as vezes nos dá boas trilhas.
Um abraço Marcos

Mariana disse...

Como o blog está com postagens antigas, não sei se verá meu comentário..! Olha só o que o acaso (será???) faz comigo... Acabei de encontrar o seu texto depois de ler uma carta publicada do Caio para você. Travou a garganta. Ando meio obcecada por ele. Sua literatura é um verdadeiro vício, ando lendo todos os livros loucamente... Quando conheci a obra do Caio, há uns 5 anos, ele já não estava por aqui. Eu, amante da obra do Caio, estou aqui totalmente sensibilizada e emocionada com a sua morte mais de dez anos depois... Quem me dera ter conhecido o Caio, ou pelo menos ter conhecido sua obra antes, antes dele partir.

Rudá Ricci disse...

Marcos,
Aproveite o embalo e comente o livro da Paula Dip.